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XXVII domingo do Tempo Comum

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Padova, Cappella degli Scrovegni
GiOTTO, Rosto de Cristo
6 outubro 2013
Reflexões sobre as leituras
de
LUCIANO MANICARDI
A autoridade na igreja deve ser crivada pela humildade e pelo serviço, para que não se exprima como poder e assim obscureça a supremacia, única, de Jesus       

Ano C

Hab 1,2-3; 2,2-4; Sal 94; 2Tm 1,6-8.13-14; Lc 17,5-10

A é o tema da primeira leitura e do Evangelho. Na primeira leitura a fé é posta à prova pelo silêncio e pela inação de Deus e desafiada a transformar-se numa espera perseverante e fiel à promessa de Deus. Também em tempos difíceis, o justo encontrará vida graças à fé. No Evangelho a fé é tratada como uma realidade qualitativa, não quantificável, caracterizada pelo abandono fiel do servo ao seu Senhor

Diante das palavras de Jesus que falam em perdoar sete vezes ao dia ao irmão arrependido (cf. Lc 17,3-4), os apóstolos pedem a Jesus que lhes aumente a fé (cf. Lc 17,5). Mostram ter compreendido que o perdão não é, apenas, um gesto ético, mas é um vento escatológico, dom do Espírito Santo, erupção do Reino de Deus na vida dos homens. Mostram ter compreendido que a comunhão na comunidade cristã - comunhão a que é essencial o perdão - só é possível graças à fé, em deixar reinar o poder de Deus. Pedindo a fé, mostram, também, ter compreendido que a é dom que encontra no próprio Senhor a sua origem e a sua fonte, que não somos donos nem podemos impor a fé - pessoal e dos outros - mas, apenas, acolhê-la com gratidão e nutri-la com oração. Mostram ainda que, para eles, "apóstolos" (Lc 17,5), os doze escolhidos diretamente por Jesus, a fé não é uma realidade óbvia. Pelo contrário, a fé é sempre insuficiente e os discípulos são sempre "homens de pouca fé", ou seja, incapazes daquela relação de abandono pleno e fiel, gratuito e convicto, humilde e perseverante, doce e robusto, numa palavra, daquele amor que está na base da força da fé.  

A fé, e nada mais, está na base da autoridade dos apóstolos:  isto mesmo é sublinhado por Lucas com a nota de que, se tivessem fé do tamanho de um grão de mostarda, poderiam fazer com que todos lhes "obedecessem" (verbo hypakoúein: Lc 17,6) inclusive uma árvore, apesar da ordem tonta que lhe foi dada. Só a fé consente ao pregador, ao missionário, ao apóstolo de fazer-se eco – com a própria ação e a própria palavra – da ação da palavra de Deus e de suscitar no destinatário a adesão teologal, que não é pertença do próprio.

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